segunda-feira, 22 de maio de 2017

Errado Pra Cachorro (Who's Minding the Store?, 1963)


Em 1963, Jerry Lewis estava no auge de sua carreira. Um dos astros mais populares de sua época, ele havia acabado de estrelar e dirigir seu maior êxito, o longa O Professor Aloprado (The Nutty Professor), uma paródia da história clássica de O Médico e o Monstro. Foi neste mesmo ano que o comediante encarnou o atrapalhado Norman Phiffier, um jovem de 26 anos que se aventura em qualquer emprego que lhe ofereçam, pois sabe que seus talentos são bastante limitados. Mesmo sendo um desastre quando se trata de manter as coisas em ordem, o bom coração do rapaz e sua indefectível moral acabam conquistando a bela e milionária Barbara Tuttle. A moça, por sua vez, luta pela própria independência, longe das interferências de sua mãe e do olhar ganancioso dos homens que a cortejam apenas por seu dinheiro. Para isso, ela trabalha incógnita em uma das lojas da família e mantém sua condição financeira em segredo.


Quem não fica nada satisfeita com o romance é Phoebe Tuttle, a mãe da jovem, que por tentar controlar a vida da filha, acabou afastando-a de seu convívio. Para tentar terminar com o namoro dos dois, ela decide contratar Norman para trabalhar em uma de suas enormes lojas de departamento. Sabendo do histórico de demissões de seu indesejado genro, ela planeja dificultar ao máximo a vida de seu novo funcionário, para que Barbara perceba a inferioridade do rapaz. Não que fosse necessário muito esforço para que Norman fizesse alguma trapalhada mas, a mando de sua chefe, o ambicioso gerente da loja o encarrega sempre das piores funções que sua criatividade pode elaborar. Ao contrário de sua esposa, o presidente da empresa, o desmotivado Sr. Tuttle simpatiza de imediato com o namorado da filha. 


Tentando se adequar em algum setor, Norman trabalha como pintor, demonstrador e vendedor dos mais variados tipos de produtos, que vão de sapatos a comidas exóticas, garantindo gargalhadas em alguns dos momentos mais hilários de sua carreira. A cena da queima de estoque, assim como a parte em que ele precisa calçar um sapato de número muito menor em uma lutadora são particularmente engraçadas. A sequência da máquina de escrever imaginária, apesar de ser um pouco cansativa, é mais uma prova do talento de Jerry Lewis. O ator, aliás, passou por um momento cômico na vida real quando descobriu que comeu formigas de verdade em uma das cenas em que experimenta um alimento feito com insetos. 


Mesmo arranjando confusão por onde passa, Norman faz com que Barbara fique cada vez mais apaixonada ao ver o quanto o rapaz se esforça para fazer seu melhor. Ele faz planos para casar-se com a moça o quanto antes, juntando cada centavo para alcançar seu objetivo. Embora seja humilde, ele também mostra que tem um lado orgulhoso (e bastante machista), fazendo questão de ser o 'homem da casa' e sustentar sua esposa, sem ter nem ideia da fortuna que sua amada possui. Por outro lado, as ideologias de seu novo amigo inspiram mudanças na personalidade submissa do Sr. Tuttle, que costumar obedecer sempre as ordens de sua esposa. Quando a verdade é finalmente revelada, Norman expõe toda a sua decepção com Barbara e o Sr. Tuttle, voltando para o seu antigo emprego. Mas o final feliz não demora muito para acontecer após um pedido de desculpas bastante persuasivo e encantador.


Os filmes de Jerry Lewis constituem uma das lembranças mais nostálgicas da infância de grande parte dos brasileiros, assim como de pessoas ao redor do mundo. No entanto, muitos consideram que os enredos inocentes e os excessivos maneirismos do ator acabaram ficando datados. De fato, o humor de Lewis é exagerado em muitos momentos, mas acredito que o brilho e os momentos engraçados continuem presentes mesmo quando vistos com o olhar do século XXI. O mesmo não se pode dizer de muitos diálogos presentes em suas obras, sobre a mulher apenas como dona de casa após o casamento e o marido como o rei do lar. Nada que surpreenda muito, levando-se em consideração a época das produções e algumas declarações retrógradas feitas pelo próprio Lewis em entrevistas.


O elenco é cheio de rostos conhecidos, embora muitos deles tenham infelizmente tido oportunidades apenas em papéis coadjuvantes em suas carreiras. Além de Lewis, temos a presença da ex-Bond Girl Jill St. John e a maravilhosa Agnes Moorehead, que esteve em diversos clássicos, mas acabou ficando marcada como a Endora de A Feiticeira; John McGiver, um daqueles atores que você não sabe o nome, mas com certeza já viu o rosto, fez participações em longas como Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961) e Perdidos na Noite (Midnigh Cowboy, 1969), além de aparecer em várias séries como Jeannie é um Gênio (I Dream of Jeannie) e Bonanza; Além deles, temos também Ray Walston, que ficou famoso por protagonizar a série Meu Marciano Favorito (My Favorite Martian). A direção coube a Frank Tashlin, velho parceiro de Jerry Lewis, tendo dirigido diversos outros filmes do ator.

O dvd está finalmente sendo lançado aqui no Brasil pela Classicline!!! Você encontra ele nas melhores lojas do ramo, incluindo a própria loja virtual da distribuidora (clique aqui). Se você é fã do ator, fique de olho pois a Classicline está relançando diversos clássicos com ele! 

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