sexta-feira, 23 de junho de 2017

Uma Janela Para o Céu (The Other Side of the Mountain, 1975)


Para nós brasileiros, 'Uma Janela Para o Céu' remete imediatamente à sensação de estar assistindo a um filme estilo 'Sessão da Tarde'. Misturando esporte e superação, a trama tem as características típicas dos longas que costumavam ser exibidos durante as tardes na tv Globo. Contando a história real da esquiadora Jill Kinmont e sua luta para se recuperar de um acidente que quase lhe tirou a vida, a obra teve como protagonistas Marilyn Hassett e Beau Bridges,


Ambientado nos anos 50, o roteiro traz uma característica marcante encontrada em muitas produções das décadas de 70 e 80: o excesso de dramaticidade. Andando de mãos dadas com clássicos como Love Story (1970) e Laços de Ternura (Terms of Endearment, 1983), Uma Janela Para o Céu pode ser classificado como 'filme para chorar'. Sim, é um baita de um dramalhão onde, muito provavelmente, você vai olhar para a sua vida e se sentir bastante culpado por reclamar de coisas pequenas perto dos problemas enfrentados pela personagem principal. Apesar de ser basicamente uma novela mexicana, preciso confessar, eu adorei!


A história começa mostrando Jill já como uma cadeirante, indo dar aulas para crianças em uma pequena escola na sua cidade natal. Através de um flashback, começamos a conhecer sua trajetória, ainda como uma esquiadora de sucesso, que tentava conseguir uma vaga nas olimpíadas de inverno. Após uma breve decepção amorosa com Dick Buek, um rapaz conhecido por praticar esportes radicais, a moça começa a namorar um colega de equipe que sempre demonstrou interesse por ela. Sua vida parecia perfeita, tanto pessoal quanto profissionalmente. Precisando ganhar apenas um último torneiro para se classificar, ela decide arriscar em uma manobra para superar sua principal concorrente.


A partir deste momento sua vida toma um rumo completamente diferente do que ela sonhava. Durante a competição, Jill acaba sofrendo um acidente quase fatal e, como consequência, acaba ficando sem movimentos do pescoço para baixo. Após um primeiro momento de negação e esperança de voltar a andar, ela finalmente aceita sua condição e passa a se esforçar ao máximo para se recuperar da melhor maneira possível. Para isso recebe a inesperada ajuda de seu antigo amor, Dick Buek, que faz de tudo para alegra-la. Embora o destino da jovem nem sempre lhe reserve coisas boas (muito pelo contrário), ela continua encarando seus desafios de cabeça erguida e fazendo o melhor que pode para contribuir de maneira positiva para o mundo. E é justamente nas crianças que ela acaba encontrando forças para seguir em frente.

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Um pouco sobre a verdadeira Jill

A partir deste ponto, vou falar um pouco sobre elementos reais da vida de Jill, o que revelará pontos importantes do enredo. Se você não assistiu ainda o filme, pare de ler aqui.


Jill Kinmont ao lado da atriz Marilyn Hassett

Embora a própria Jill Kinmont tenha sido uma consultora durante as gravações do longa, alguns elementos do roteiro não correspondem à realidade e foram acrescentados para dar justamente aquele tom de dramaticidade citado no começo do texto. Um exemplo é a morte de Dick Buek. O rapaz de fato morreu durante um acidente de avião, com apenas 27 anos, e de acordo com a autobiografia dela, os dois de fato estavam noivos na época. No entanto, a já suficientemente trágica situação foi agravada na trama quando ela recebe a notícia da perda de seu amado justo no dia do seu aniversário, o que seria impossível, já que Jill nasceu em 16 de fevereiro, enquanto a morte de Dick foi em 3 de novembro de 1957. Apesar desses exageros, podemos também ver bastante sobre todo o processo sofrido pela personagem, já que boa parte do filme é focado na recuperação da jovem e em como ela conseguiu ter forças para superar algo tão difícil.



Poucos dias depois de seu acidente, Jill chegou a ser capa da conceituada revista Sports Illustrated, em 31 de janeiro de 1955.


Impedida de voltar a esquiar, ela começou a se dedicar aos estudos, graduando-se em alemão na UCLA e obtendo credencial para lecionar na Universidade de Washington, em Seattle . Ela teve uma longa carreira como educadora, primeiro em Washington e depois em Beverly Hills, Califórnia. Ensinou educação especial na Bishop Union Elementary School de 1975 a 1996 em sua cidade natal, Bishop. Jill foi importantíssima para diminuir o preconceito contra cadeirantes, que não tinham chances de trabalho em basicamente nenhum lugar. Ela também costumava pintar e chegou a fazer exposições.

Jill após seu acidente

Em seu estúdio

O filme de 1975 termina ainda durante a juventude de Jill e mostra um final infeliz, com ela apenas conformada com sua condição. No entanto, em 1978, a riquíssima e inspiradora história da ex-esquiadora e professora, ganhou uma continuação no longa chamado criativamente de Uma Janela Para o Céu 2 (The Other Side of the Mountain 2). Ao contrário do primeiro, a sequência tem um final feliz, e é ambientada muitos anos depois, quando Jill volta para sua cidade natal aos 40 anos e conhece John Boothe, com quem ficou casada até sua morte, em 2012.


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