quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Zsa Zsa Gabor e o tapa que foi ouvido no mundo inteiro


Era 14 de junho de 1989, em Beverly Hills, Califórnia. Apenas mais um dia de trabalho para o guarda rodoviário Paul Kramer. Entretanto, uma certa agitação o aguardava quando decidiu parar um Rolls Royce com a placa vencida. Ao volante, uma glamourosa loira que, embora sem sua habilitação, encontrava-se acompanhada por uma garrafa aberta de Jack Daniel's. Após aguardar algum tempo a averiguação de outras violações, já aborrecida, a mulher decidiu simplesmente ir embora. Uma pequena perseguição acontece até que Kramer consiga detê-la novamente. Ele ordena que a motorista saia do carro. Ela obedece mas não sem antes deixar suas mãos marcadas no rosto do policial. A bofetada ganhou as manchetes de todo o país, recebendo a honrosa distinção de 'o tapa que foi ouvido no mundo inteiro'. A agressora, afinal de contas, era ninguém menos que Zsa Zsa Gabor. 


Famosa por ser famosa


Nascida na cidade de Budapeste em 6 de fevereiro de 1917, Zsa Zsa Gabor foi a segunda colocada do Miss Hungria de 1933. Após um período nos palcos da Europa, mudou-se para os EUA em 1941, onde se casou pela segunda vez, com o milionário Conrad Hilton. No cinema, atuou em filmes como 'Moulin Rouge' (1952), 'O Amor Nasceu em Paris' (Lovely to Look At, 1952) e 'Lili' (1953). Embora tenha tido um sucesso moderado como atriz, ela acabou ficando mais conhecida como uma socialite. Sua extravagante personalidade e a agitada vida pessoal, incluindo seus nove casamentos, a mantinham com frequência na mídia. Em suas próprias palavras, ela era 'famosa por ser famosa'.

O julgamento

Encenação do tapa no tribunal

O julgamento ocorreu em outubro de 1989 e foi definido por alguns como um verdadeiro circo. Outros disseram que Gabor estava interpretando seu melhor papel: o dela mesma. A atriz justificou as acusações de agressão dizendo que o policial a tratou rudemente e a retirou do veículo com truculência. Ela também acusou a promotoria de adulterar provas, alegando que até na Hungria nazista existia mais justiça.

Em contrapartida, o juiz considerou que Zsa Zsa zombou a maior parte do tempo da justiça americana e que estava utilizando o caso para se autopromover e voltar para a mídia. Ao final, ela foi condenada a cumprir três dias de prisão, pagar multas e retribuições totalizando US$ 12.937, realizar 120 horas de serviço comunitário e passar por uma avaliação psiquiátrica, sendo absolvida da acusação de desobedecer a um policial. Em junho de 1990, ela optou por retirar o recurso e cumpriu os três dias de prisão, de 27 a 30 de julho de 1990. 

Na cultura popular



Apesar do aparente desfecho negativo, ela levou a situação com bastante humor. Antes de ser presa, disse que seria ótimo ter mais tempo livre e que poderia até aproveitar para escrever um livro em sua cela. Além das diversas entrevistas concedidas, a atriz parodiou a si mesma na comédia 'Corra que a Polícia Vem Aí 2½' (The Naked Gun 2½: The Smell of Fear, 1991).


Até mesmo seu carro ficou eternizado na cultura popular. O Rolls Royce Corniche conversível 1979 voltou à fama em uma exposição no Volo Auto Museum, em Chicago.

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