quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Zsa Zsa Gabor e o tapa que foi ouvido no mundo inteiro


Era 14 de junho de 1989, em Beverly Hills, Califórnia. Apenas mais um dia de trabalho para o guarda rodoviário Paul Kramer. Entretanto, uma certa agitação o aguardava quando decidiu parar um Rolls Royce com a placa vencida. Ao volante, uma glamourosa loira que, embora sem sua habilitação, encontrava-se acompanhada por uma garrafa aberta de Jack Daniel's. Após aguardar algum tempo a averiguação de outras violações, já aborrecida, a mulher decidiu simplesmente ir embora. Uma pequena perseguição acontece até que Kramer consiga detê-la novamente. Ele ordena que a motorista saia do carro. Ela obedece mas não sem antes deixar suas mãos marcadas no rosto do policial. A bofetada ganhou as manchetes de todo o país, recebendo a honrosa distinção de 'o tapa que foi ouvido no mundo inteiro'. A agressora, afinal de contas, era ninguém menos que Zsa Zsa Gabor. 


Famosa por ser famosa


Nascida na cidade de Budapeste em 6 de fevereiro de 1917, Zsa Zsa Gabor foi a segunda colocada do Miss Hungria de 1933. Após um período nos palcos da Europa, mudou-se para os EUA em 1941, onde se casou pela segunda vez, com o milionário Conrad Hilton. No cinema, atuou em filmes como 'Moulin Rouge' (1952), 'O Amor Nasceu em Paris' (Lovely to Look At, 1952) e 'Lili' (1953). Embora tenha tido um sucesso moderado como atriz, ela acabou ficando mais conhecida como uma socialite. Sua extravagante personalidade e a agitada vida pessoal, incluindo seus nove casamentos, a mantinham com frequência na mídia. Em suas próprias palavras, ela era 'famosa por ser famosa'.

O julgamento

Encenação do tapa no tribunal

O julgamento ocorreu em outubro de 1989 e foi definido por alguns como um verdadeiro circo. Outros disseram que Gabor estava interpretando seu melhor papel: o dela mesma. A atriz justificou as acusações de agressão dizendo que o policial a tratou rudemente e a retirou do veículo com truculência. Ela também acusou a promotoria de adulterar provas, alegando que até na Hungria nazista existia mais justiça.

Em contrapartida, o juiz considerou que Zsa Zsa zombou a maior parte do tempo da justiça americana e que estava utilizando o caso para se autopromover e voltar para a mídia. Ao final, ela foi condenada a cumprir três dias de prisão, pagar multas e retribuições totalizando US$ 12.937, realizar 120 horas de serviço comunitário e passar por uma avaliação psiquiátrica, sendo absolvida da acusação de desobedecer a um policial. Em junho de 1990, ela optou por retirar o recurso e cumpriu os três dias de prisão, de 27 a 30 de julho de 1990. 

Na cultura popular



Apesar do aparente desfecho negativo, ela levou a situação com bastante humor. Antes de ser presa, disse que seria ótimo ter mais tempo livre e que poderia até aproveitar para escrever um livro em sua cela. Além das diversas entrevistas concedidas, a atriz parodiou a si mesma na comédia 'Corra que a Polícia Vem Aí 2½' (The Naked Gun 2½: The Smell of Fear, 1991).


Até mesmo seu carro ficou eternizado na cultura popular. O Rolls Royce Corniche conversível 1979 voltou à fama em uma exposição no Volo Auto Museum, em Chicago.
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sexta-feira, 3 de maio de 2024

10 filmes com Madonna

 


Madonna é uma das cantoras mais aclamadas e originais da indústria musical. Seu impacto cultural, principalmente na década de 80, lhe rendeu a alcunha de Rainha do Pop. Ao longo dos anos, seja com figurinos, videoclipes ou letras de canções, ela sempre demonstrou sua devoção à outra forma de arte: o cinema.


O glamour da Hollywood antiga e as atrizes clássicas sempre foram uma referência para ela, que já homenageou diversas divas como Audrey Hepburn, Marlene Dietrich e, claro, Marilyn Monroe. Ela também é fã de Carole Lombard e Judy Holliday e já declarou ter visto muitas comédias da década de 30. Não demorou muito para que ela tentasse também uma carreira nas telonas, seguindo os passos de suas musas. Com sua atuação geralmente na mira dos críticos, seu sucesso no cinema foi bem mais contido do que em sua carreira musical. Mas, ainda assim, vale matar a curiosidade e conferir alguns de seus filmes mais conhecidos:



01 - Procura-se Susan Desesperadamente (Desperately Seeking Susan, 1985)



Em Nova York Roberta Glass (Rosanna Arquette), uma dona de casa entediada, suspeita, que Gary Glass (Mark Blum), seu marido que é um vendedor de banheiras, a está enganando. Ansiando por um romance, Roberta começa a seguir mensagens colocadas nos classificados em que um casal, Susan (Madonna) e Jim (Robert Joy), usam para se localizar quando viajam pelo país. Paralelamente alguém que Susan tinha se envolvido em Atlantic City foi jogado pela janela, quando Susan já o tinha deixado para ir a Nova York se encontrar com Jim. Chegando ao próximo encontro de Susan, Roberta desenvolve uma fascinação pelo jeito extremamente liberal dela e acaba comprando em um brechó uma jaqueta que Susan tinha trocado por botas. Pretendendo se apresentar no encontro seguinte, Roberta bate com a cabeça em um poste quando tentava escapar do assédio ameaçador de Wayne Nolan (Will Patton), que a confunde com Susan. Wayne está tentando localizá-la por causa de um valioso roubo de brincos, enquanto que a verdadeira Susan era presa por não pagar o taxi. Como Jim não pôde ir ao encontro de Susan pede que Dez (Aidan Quinn), um amigo, vá em seu lugar. Como ele não conhece Susan e sua referência é apenas o casaco, Dez também pensa que Roberta é Susan. Ao se recuperar da pancada Roberta desenvolve uma amnésia e a evidência circunstancial, a jaqueta, a convence de que ela é Susan. Dez tenta ajudar "Susan" e os dois se apaixonam, mas a vida dele se torna uma sucessão de problemas. Paralelamente Gary e Susan se conhecem e tentam desvendar o que está acontecendo, mas as informações chegam truncadas de tal forma que se suspeita que Roberta tenha uma vida secreta, na qual seria uma pessoa bem diferente.

02 - Surpresa de Shanghai (Shanghai Surprise, 1986)


Em 1938, quando Shanghai é ocupada pelos japoneses, o traficante Walter Faraday (Paul Freeman) aparentemente é morto pela polícia ao tentar deixar a cidade com 500 kg de ópio. Um ano depois a misteriosa americana Gloria Tatlock (Madonna) chega a Shanghai à procura deste ópio, conhecido como "as flores de Faraday", com o objetivo de usá-lo para aliviar a dor de soldados feridos na guerra. Oferecendo uma passagem de volta aos Estados Unidos como pagamento, ela consegue a ajuda de Glendon Wasey (Sean Penn), um rude e esperto comerciante, para atingir seu objetivo.

03 - Quem é Essa Garota? (Who's That Girl ?, 1987)


Nikki Finn (Madonna) é uma jovem acusada de ter participado de um crime com o qual nada teve a ver. Tentando provar sua inocência, ela pede ajuda ao advogado Louden Trott (Griffin Dunne), um cara com fama de certinho que agora precisa lidar com esta garota um tanto quanto amalucada.

04 - Doce Inocência (Bloodhounds of Broadway, 1989)


Doce Inocência é um filme de comédia dramática e romance baseado em quatro contos de Damon Runyon e ambientado na década de 1920. A história acompanha um grupo de artistas, dançarinos e jogadores em uma reunião para comemorar o fim de ano, seguindo o ponto de vista de Feet Samuels (Randy Quaid) - um homem viciado em apostas. Apaixonado pela dançarina Hortense Hathaway (Madonna), ele está decidido a cometer suicidio ao fim da noite para se livrar da frustração do amor não correspondido. Porém, a sorte parece estar a favor de Feet, e seus planos logo mudam.

05 - Dick Tracy (1990)


Tess Trueheart (Glenne Headly) quer apenas ter uma vida tranqüila com seu namorado, Dick Tracy (Warren Beatty), um detetive da polícia. Mas há alguém na cidade bem vil que pode atrapalhar os sonhos dela. Este alguém é Big Boy Caprice (Al Pacino), um gângster que decidiu fazer uma guerra pelo domínio da cidade e comandar todos os bandidos. Além disto há uma bela cantora de boate, Breathless Mahoney (Madonna), que é praticamente irresistível e deseja Tracy só para ela.

06 - Uma Equipe Muito Especial (A League of Their Own, 1992)


Willamette, Oregon, 1943. Dottie Henson (Geena Davis) e Kit Keller (Lori Petty) são duas irmãs que trabalham numa fazenda da região e se amam muito, mas há uma rivalidade entre elas quando o assunto é baseball. Onde elas moram existem times amadores femininos, onde talvez sempre ficassem no anonimato caso os jogadores profissionais não fossem convocados para lutar na 2ª Guerra Mundial. Os donos das grandes equipes se reúnemm para tentar resolver esta situação e um dos "caciques" do baseball, Walter Harvey (Garry Marshall), um magnata da indústria de chocolate, tem um jovem gênio da publicidade, Ira Lowenstein (David Strathairn), trabalhando para ele. Lowenstein teve a idéia de criar uma liga feminina de baseball. Vários observadores são mandados para selecionar as possíveis jogadoras da liga e um deles, Ernie Capadino (Jon Lovitz), viu Dottie jogar. Ernie fica interessado em levá-la para ser testada em Chicago, mas Dottie não fica entusiasmada com a idéia. Kit, por sua vez, adorou a oportunidade de sair daquele pequeno lugar, mas Ernie não estava interessado nela. Ernie propõe a Kit que, se ela convencesse Dottie em fazer o teste, Kit também seria testada. Durante a viagem eles conhecem Marla Hooch (Megan Cavanagh), que é uma grande rebatedora mas não é bonita. Ernie ia recusá-la, já que havia a idéia de só contratar belas mulheres, mas Dottie e Kit se recusaram em seguir viagem se Marla não fosse com eles. As três acabam sendo aprovadas para jogar pelo Rockford Peaches, o time de Harvey. O time terá Jimmy Dugan (Tom Hanks) como técnico, uma lenda do baseball do passado que se tornou alcoólatra e só conseguiu este emprego pois Harvey queria um grande jogador de baseball como técnico. Na prática Jimmy nada fazia além de dar um aceno com o boné para os torcedores, pois durante o jogo ele dormia, já que estava sempre embriagado. Quem arrumava o time na verdade era Dottie. Quando Jimmy vê que era ela quem comandava o time, alega que esta função era dele. Ela então diz para que ele se comporte como um técnico e não como um bêbado. Deste momento em diante ele se torna responsável, mas então surge um outro problema: querem acabar com a liga, pois não está tendo a rentabilidade que era esperada.

07 - Olhos de Serpente (Dangerous Game, 1992)


Mesmo sendo um experiente diretor, Ediie Israel (Harvey Keitel) não estava nenhum pouco preparado para o que iria ocorrer no set de seu novo projeto. Comandando uma produção sobre um casamento abusivo, o cineasta consegue atuações incrivelmente verdadeiras de seus atores. Assim, não demora para que a violência do roteiro deixe o set para se transpor à vida real.

08 - Corpo em Evidência (Body of Evidence, 1993)


Andrew Marsh (Michael Forest) é um milionário que foi encontrado morto na cama, aparentemente assassinado devido à presença de vestígios de cocaína em seu sangue. A principal suspeita é Rebecca Carlson (Madonna), sua namorada, que é bem mais nova que ele e é a principal beneficiada no testamento. Antes mesmo de ser chamada pela polícia, Rebecca resolve contratar Frank Dulaney (Willem Dafoe) como seu advogado. Ao conhecê-la melhor Frank passa a descofiar que o estilo sexual agressivo de sua cliente possa ter causado a morte de Andrew.

09 - Evita (1996)


Em 1952, em um pequeno cinema da Argentina, a projeção é interrompida para comunicar o falecimento da líder espiritual do país, Eva Perón (Madonna). A partir deste momento é narrado em flashback como a filha bastarda de um agricultor de um pequeno povoado é barrada no funeral do seu pai e como ela, freqüentando as rodas certas com as pessoas certas, acaba se tornando rapidamente a primeira-dama do seu país.

10 - Sobrou Pra Você (The Next Best Thing, 2000)


Abbie e Robert são amigos com muita coisa em comum: jovens, têm uma visão não-convencional da vida, inteligentes, impulsivos e um terrível azar no amor. Eles fariam um par perfeito, se não houvesse um problema: Robert é gay. Um dia, porém, quando muitos coquetéis e martinis os levam a um novo nível de intimidade, eles se transformam em pais. Um novo mundo então se abre para ambos e também para Sam, seu filho, que decidem criar como se fossem uma família comum.
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Atores e atrizes que mudaram radicalmente sua 'persona' cinematográfica

Embora o cinema seja uma arte, ele também é sinônimo de lucros e negócios. O 'Star system' (sistema de estrelas) era extremamente comum em Hollywood, consistindo em longos contratos com atores (as), onde os estúdios controlavam toda a sua carreira. Isso incluia trabalhos, treinamentos, publicidade e também a imagem. Como 'persona' podemos entender um 'personagem fictício', uma imagem representativa para o público. Com isso, eram criados estereótipos, que muitas vezes limitavam o talento e as escolhas artísticas dos atores. Entretanto, era algo muito lucrativo para os estúdios, que podiam lançar diversos filmes e vender repetidamente as imagens que mais agradássem a audiência. Abaixo, alguns exemplos de atores e atrizes que passaram por mudanças destas personas em suas carreiras:

*Obviamente, todos os citados fizeram diferentes filmes. A postagem é sobre uma imagem 'geral'.

Marilyn Monroe - Femme fatale x Loira burra


No início de sua carreira, Marilyn Monroe fez uma série de participações em diferentes filmes até conseguir seu lugar ao sol. Conforme seus papéis foram melhorando, houve um breve esboço de 'mulher fatal' em suas personagens. Podemos pegar como exemplo filmes como 'O Segredo das Jóias' (The Asphalt Jungle, 1950), 'Almas Desesperadas' (Don't Bother to Knock, 1952) e, principalmente, 'Torrente de Paixão' (Niagara, 1953). Neste último, a atriz ganhou bastante atenção do público. Com isso, seu visual de cabelos platinados e curtos, batom vermelho e sobrancelhas arqueadas tornou-se definitivo.


Com o estrondoso sucesso de 'Os Homens Preferem as Loiras' (Gentlemen Prefer Blondes, 1953), a 20th Century Fox viu que tinha uma mina de ouro em suas mãos. Assim, Marilyn passou a interpretar uma série de personagens no estilo 'sexy e inocente', que a consolidou como uma das atrizes mais famosas de Hollywood. Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são 'Como Agarrar Um Milionário' (How to Marry a Millionaire, 1953), 'O Pecado Mora ao Lado' (The Seven Year Itch, 1955) e 'Quanto Mais Quente Melhor' (Some Like It Hot, 1959). Percebendo o potencial de Monroe nas bilheterias, surgiram atrizes como Jayne Mansfield, Diana Dors e Mamie Van Doren. Apesar da fama, Monroe odiava o estereótipo de 'loira burra' que passou a lhe acompanhar.

Dick Powell - Astro de musicais x Protagonista 'durão'


Com talento vocal e presença de palco aliados ao jeito de bom moço, Dick Powell tornou-se um dos nomes mais frequentes dos musicais na década de 30. Filmes como 'Cavadoras de Ouro' (Gold Diggers of 1933), 'Rua 42' (42nd Street, 1933) e 'Mulheres e Música' (Dames, 1934) o tornaram um astro do gênero, atuando frequentemente ao lado de Ruby Keeler e Joan Blondell, que foi sua esposa de 1936 até 1944.


Com a chegada dos anos 40, Powell começou a se sentir muito velho para seus antigos personagens, testando sua sorte em papéis mais dramáticos. Com o êxito de 'Até a Vista, Querida' (Murder, My Sweet, 1944), o ator conseguiu revigorar sua carreira, protagonizando clássicos noir como 'Johnny O'Clock' (1947) e 'Caminho da Tentação' (Pitfall, 1948). Posteriormente, passou também a ser diretor de cinema.

Myrna Loy - Mulher exótica x Dona de casa americana


Myrna Loy começou sua carreira ainda no cinema mudo, passando com sucesso para a era do som. Entretanto, em seus primeiros anos como atriz, ela não era exatamente uma estrela. Interpretando frequentemente as chamadas 'mulheres exóticas', ela era escalada para as mais diversas etnias. Não era raro vê-la como personagens asiáticas ou do leste europeu. As vilãs ou apenas antagonistas também eram comuns em sua filmografia. Alguns exemplos são longas como 'A Guarda Negra' (The Black Watch, 1929), 'A Máscara de Fu Manchu' (The Mask of Fu Manchu, 1932) e'Treze Mulheres' (Thirteen Women, 1932).


Apesar de nem sempre ter bons papéis, Myrna era presença constante nos filmes da época, aparecendo em no mínimo sete produções por ano. Sua popularidade aumentou consideravelmente após ser apontada como a atriz favorita do lendário ladrão de bancos John Dillinger, que foi morto saindo do cinema, após assistir 'Vencidos Pela Lei' (Manhattan Melodrama, 1934). O grande ápice da mudança de persona em sua carreira foi a personagem Nora Charles, em 'A Ceia dos Acusados' (The Thin Man, 1934). O longa, que mistura comédia e suspense, fez com que suas habilidades como atriz fossem reconhecidas por público e crítica, fazendo um enorme sucesso e tendo uma série de continuações. A parceria ao lado de William Powell também se repetiria diversas vezes, eternizando-os como uma das grandes duplas do cinema. Eleita 'Rainha de Hollywood' na década de 30, fez clássicos como 'Ciúmes' (Wife vs. Secretary, 1936), 'Os Melhores Anos de Nossas Vidas' (The Best Years of Our Lives, 1946) e 'Lar, Meu Tormento' (Mr. Blandings Builds His Dream House, 1948).

Vincent Price - Coadjuvante de luxo x Rei do terror


Vincent Price já flertava com o terror desde seus primeiros papéis, quando atuou em filmes como 'A Torre de Londes' (Tower of London, 1939) e 'A Volta do Homem Invisível' (The Invisible Man Returns, 1940). Apesar disso, de maneira geral, sua carreira durante a década de 40 se manteve estável com personagens de destaque em clássicos como 'A Canção de Bernadette' (The Song of Bernadette, 1943), 'Laura' (1944) e 'Amar Foi Minha Ruína' (Leave Her to Heaven, 1945).


Nas décadas seguintes até o final de sua vida, o ator continuou atuando em longas dos mais diversos gêneros, como 'Champanhe para César' (Champagne for Caesar, 1950), 'Os Dez Mandamentos' (The Ten Commandments, 1956) e 'As Baleias de Agosto' (The Whales of August, 1987). Mas, em uma espécie de carreira paralela, foi nos filmes de terror que Price encontrou seu verdadeiro lugar como protagonista. Neste período, destaca-se sua lendária parceria com o diretor Roger Corman e as diversas adaptações das obras de Edgar Allan Poe. As produções de baixo orçamento, ligeiramente trash, o estabeleceram como um dos reis do horror, em filme como 'Museu de Cera' (House of Wax, 1953), 'A Casa dos Maus Espíritos' (House on Haunted Hill, 1959) e 'O Corvo' (The Raven, 1963). 

Joan Bennett - Loira ingênua x Femme fatale x Dona de casa americana


Os cabelos loiros e as feições delicadas davam uma imagem inocente à jovem Joan Bennett, que começou a atuar ainda no cinema mudo. Durante os anos 30, mantendo sua posição de mocinha, ela esteve em clássicos como 'Bulldog Drummond' (1929), 'Eu e Minha Pequena' (Me and My Gal, 1932) e 'As Quatro Irmãs' (Little Women, 1933).


Apesar de já ser uma estrela de sucesso, foi na década de 40 o auge de sua carreira. Com os cabelos escuros e penteados glamourosamente, ela transformou-se em uma das femme fatales mais importantes dos filmes noir, protagonizando clássicos como 'Um Retrato de Mulher' (The Woman in the Window, 1944), 'Almas Perversas' (Scarlet Street, 1945) e 'O Segredo da Porta Fechada' (Secret Beyond the Door, 1947).


Em 1951, a atriz foi envolvida em um escândalo, quando seu marido Walter Wanger atirou em seu agente, Jennings Lang, acreditando que os dois estavam tendo um caso. Lang foi socorrido e sobreviveu. Alegando insanidade temporária, Wanger foi solto sob fiança. O romance extraconjugal foi negado por ambos, que afirmaram estar em um encontro de negócios, sobre um projeto na televisão. Apesar de tudo ter sido esclarecido, a carreira de Joan sofreu um grande abalo. Com dificuldades para bons papéis, ela precisou se reinventar novamente, com personagens menores, geralmente de esposas e donas de casa. Ela apareceu em longas como 'O Pai da Noiva' (Father of the Bride, 1950) e sua continuação, 'Netinho do Papai' (Father's Little Dividend, 1951) e 'Não Somos Anjos', também conhecido como 'Veneno de Cobra' (We're No Angels, 1955). Nos anos seguintes, Bennett se dedicou ao teatro e continuou aceitando convites para o cinema.

Olivia de Havilland - Mocinha ingênua x Lei De Havilland


Na década de 30, Olivia De Havilland era a personificação do termo 'mocinha', atribuído às heroínas de filmes. Sua beleza delicada e seus modos elegantes a tornaram perfeita para papéis de jovens românticas. A química com o astro Errol Flynn rendeu uma parceria de sucesso nas telas, geralmente em filmes de aventura ou faroestes. A atriz também apareceu em filmes como 'Adversidade' (Anthony Adverse, 1936), 'Uma Loira Com Açucar' (The Strawberry Blonde, 1941) e 'A Porta de Ouro' (Hold Back the Dawn, 1941). Seu papel de maior destaque foi como a doce Melanie no clássico 'E o Vento Levou' (Gone With the Wind, 1939).


Apesar de ser protagonista na maior parte de seus trabalhos, Olivia estava cansada do estereótipo de boa moça e da falta de profundidade de suas personagens. Sob contrato com a Warner, ela recusou diversos projetos, que a levaram a ser suspensa pelo estúdio. Ao final de seu contrato de sete anos, o estúdio acrescentou seis meses que deveriam ser cumpridos por Olivia, pelo período em que ela esteve suspensa. Aconselhada por seu advogado, ela decidiu processar a Warner em 1943. Em um movimento inédito e inesperado, a justiça concedeu a vitória para Olivia, reduzindo o poder dos estúdios sobre os atores e sendo nomeada como 'Lei De Havilland'. Embora tenha sido inicialmente boicotada, ela voltou a trabalhar, finalmente interpretando diferentes personagens. Vencendo duas vezes o Oscar de Melhor Atriz, pelos longas 'Só Resta Uma Lágrima' (Só Resta uma Lágrima (To Each His Own, 1946) e 'Tarde Demais' (The Heiress, 1949), ela também atuou em filmes como 'Espelho d'Alma' (The Dark Mirror, 1946), 'A Cova da Serpente' (The Snake Pit, 1948), e 'Com a Maldade na Alma' (Hush...Hush, Sweet Charlotte, 1964).

Peter Lorre - Protagonista excêntrico x Coadjuvante de luxo


Peter Lorre ganhou fama mundial ao interpretar um psicopata no filme alemão 'M, O Vampiro de Dusseldorf' (M - Eine Stadt sucht einen Mörder, 1931). Apesar de sua atuação excepcional, Lorre estava longe de ter a aparência esperada para um protagonista romântico. Assim, sua carreira se desenvolveu, principalmente, com papéis de anti-heróis, como 'O Homem Que Sabia Demais' (The Man Who Knew Too Much, 1934), 'Crime e Castigo' (Crime and Punishment, 1935) e 'Dr. Gogol - O Médico Louco' (Mad Love, 1935). O ator também fez bastante sucesso com 'O Misterioso Mr. Moto' (Think Fast, Mr. Moto, 1937), onde interpreta um detetive japonês, que gerou uma série com sete continuações. Embora tenha protagonizado filmes de baixo orçamento como 'O Homem dos Olhos Esbugalhados (Stranger on the Third Floor, 1940), um vislumbre de declínio começava a se desenhar.


Em 1941, sua carreira adquiriu um novo fôlego, agora em uma posição de coadjuvante, porém em grandes clássicos, como 'O Falcão Maltês' ou 'Relíquia Macabra' (The Maltese Falcon, 1941), 'Casablanca' (1942) e 'Este Mundo é um Hospício' (Arsenic and Old Lace, 1944). O ator apareceu em diversas produções no cinema e na televisão durante os anos 40 e 50. Em seus últimos anos, ele se juntou a nomes como Vincent Price e Boris Karloff,, tornando-se um dos mestres do terror na década de 60, em longas como 'Muralhas do Pavor' (Tales of Terror, 1962) e 'O Corvo' (The Raven, 1963).

Dorothy Malone - Boa moça x Loira fatal


Dorothy Malone começou a atuar nos anos 40. Embora tenha chamado a atenção em sua breve participação em 'À Beira do Abismo' (The Big Sleep, 1946), a jovem atriz era constantemente escalada em faroestes. Apesar de alguns papéis principais, suas personagens eram muitas vezes apenas o interesse amoroso do protagonista. Com olhos marcantes e cabelos escuros, sua aparência de boa moça limitava sua personalidade nas telas. Segiram-se filmes como 'Golpe de Misericórdia' (Colorado Territory, 1949), 'O Tesouro do Bandoleiro' (The Nevadan, 1950) e 'Morrendo de Medo' (Scared Stiff, 1953).


Os cabelos loiros deram a Dorothy uma personalidade sensual e ousada, que permitiu que ela mostrasse todo o seu potencial no drama 'Palavras ao Vento' (Written on the Wind, 1956). Embora fosse uma personagem secundária, a atriz roubou a cena e garantiu seu Oscar de coadjuvante. Sua nova aparência e a estatueta em sua estante ajudaram a torná-la uma estrela, podendo brilhar em diferentes gêneros. Ela esteve em clássicos como 'Almas Maculadas' (The Tarnished Angels, 1957) e 'O Homem das Mil Caras' (Man of a Thousand Faces, 1957). Ela também protagonizou a série de televisão 'Peyton Place', de 1964 até 1968.



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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

As inspirações reais do filme 'Babilônia, de John Gilbert à Clara Bow

 


Dirigido por Damien Chazelle, 'Babilônia' (Babylon, 2022) tem como proposta misturar a magia do cinema e os bastidores dos filmes mudos, contrapondo-se com a atmosfera caótica e selvagem de uma década que, não à toa, ficou conhecida como os loucos anos 20. Estrelado por Margot Robbie e Brad Pitt, o longa tem um enredo fictício e propositalmente exagerado, inspirado pelos escândalos do polêmico livro 'Hollywood Babylon', de Kenneth Anger. Dentre as muitas referências no roteiro, destacam-se duas: Clara Bow e John Gilbert.


Um pouco sobre o filme


O filme começa com uma festa que faz com que as infâmes reuniões de 'O Grande Gatsby' pareçam apenas uma recreação infantil. Regada a álcool e drogas, intercalando um elefante, orgias, e um óbito, a noite nos apresenta os personagens principais que acompanharemos. Jack Conrad (Brad Pitt) é o maior astro da MGM, apesar de seu alcoolismo e seus inúmeros e efêmeros casamentos; Nellie LaRoy (Margot Robbie) aspirante à estrela, é viciada em aventuras e cocaína; Manny Torres (Diego Calva) é um jovem mexicano que sonha em ser produtor de cinema; Já Sidney Palmer (Jovan Adepo) é um saxofonista negro que tenta sobreviver de sua música. Arduamente perseguindo o sucesso, cada um à sua maneira vai provando as glórias do estrelado e descobrindo que o topo não é tão reluzente quanto parecia ser.

Clara Bow e Nellie LaRoy


Embora seja uma personagem fictícia e tenha também elementos baseados em outras estrelas da época, foi amplamente divulgado que Clara Bow foi a principal inspiração para a criação de Nellie. Conhecida como 'It Girl' (a garota com um 'algo' a mais), Clara Bow se tornou uma das atrizes mais populates de sua época, graças a uma mistura de carisma, sensualidade e autenticidade. Seu talento nato e sua desenvolura na frente das câmeras presenteavam o público com o frescor característico das melindrosas, evocando liberdade e ausência de preocupações.

Todavia, por baixo do glamour de uma estrela em ascenção, estava uma jovem que sofrera abusos e privações durante a infância e a adolescência. Havia a insegurança com seu modo de falar e de agir, provenientes da escassez de seus primeiros anos de vida, em um cortiço no Brooklyn. Existia também o vazio e o medo, deixados pela mãe, que fora internada em uma clínica psiquiátrica, e por seu pai alcóolatra. Para esquecer suas dores, uma persona festeira e divertida foi criada. Suas cicatrizes eram reabertas sempre que necessário, para criar lágrimas em profusão toda vez que uma cena exigia tristeza. Ao contrário de muitas de suas contemporâneas, Clara fazia questão de demonstrar seu espírito livre e sua espontaneidade publicamente. Romances com astros como Gilbert Roland e Gary Cooper ou com o diretor Victor Fleming faziam a alegria dos tablóides. Mas em algum momento as coisas desandaram e as fofocas sobre sua vida saíram de controle. Sua popularidade continuava em alta, mas sua fama como promíscua e vulgar estampavam jornais e revistas. Seus modos pouco elitizados fizeram com que fosse vista por muitos com desaprovação, incluindo algumas de suas colegas de profissão. 

Nellie LaRoy é uma personagem bem mais exagerada, quase uma versão de Clara feita pelos tablóides. No entanto, a infância pobre e infeliz, a doença da mãe e até mesmo a facilidade para chorar estão ali. Assim como Clara, Nellie também enfrenta uma popularidade ambígua, onde encontra sucesso de público mas também o julgamento da sociedade. Descrita como 'selvagem', ela encontra neste adjetivo o preço para sua fama e para sua queda. Se no começo, seus modos autênticos e audaciosos conquistaram admiração, o excesso de vícios e escândalos causam descrença e repúdio. Com a chegada do cinema falado, Nellie vê sua carreira chegar ao fim tão meteoricamente quanto chegou ao topo. Ao contrário do filme, Clara Bow fez uma excelente transição para o cinema falado. Ela deixou Hollywood em 1933 por escolha própria, aposentando-se da vida pública após desgastes emocionais, preferindo viver discretamente ao lado do marido Rex Bell, com quem teve dois filhos. 

John Gilbert e Jack Conrad


Jack Conrad já inicia o longa como um astro consolidado do cinema mudo. Maior estrela da MGM, admirado pelos colegas e amigo de Irving Thalberg, ele troca de esposa com a mesma frequência com que envazia garrafas de bebida. A chegada do som ao cinema inicialmente o deixa animado, apesar de suas experiências de filmagem se provam mais difíceis do que o esperado. É através de uma capa de revista que Jack descobre que sua carreira chegou ao fim. Ao ler as críticas destruidoras da colunista que o arrancou de seu reinado nas telas, ele confronta a dura realidade da decadência de um ídolo. As risadas do público nos cinemas assistindo sua atuação só confirmam a finitude de seus dias de glória.

A trajetória de John Gilbert se assemelha bastante a de Conrad. Tendo seu auge no cinema mudo, onde fez par dentro e fora das telas com Greta Garbo, o ator teve um revés em sua carreira com a chegada do som. Por muito tempo, o boato de que a voz de Gilbert era estridente ou pouco adequada prevaleceu. Mas essa versão passou a ser considerada um boato, já que gravações mostram que a voz do astro era perfeitamente normal. Ninguém sabe ao certo qual foi o motivo, mas as risadas da platéia realmente aconteceram. Há teorias que afirmam que o próprio Louis B. Mayer, chefe de estúdio da MGM, foi o responsável, ordenando que a voz de Gilbert fosse alterada na exibição. É fato que Mayer era um tirano e que não se dava bem com o ator, mas não existe nenhuma prova concreta de que a sabotagem tenha ocorrido. A versão mais plausível é que o cenário e as falas mal escritas do filme, onde o protagonista repetia 'I love you' várias vezes em uma das cenas, foi o real motivo para as gargalhadas do público, que achou cômico e piegas todo o contexto. Apesar de ter estrelado outros filmes posteriormente, sua confiança para atuar havia diminuido consideravelmente com as críticas e ele aumentou cada vez mais o consumo de álcool para superar seus problemas. Conforme o alcoolismo foi ficando mais presente, piores eram os papéis que lhe ofereciam. Seu último trabalho foi em 'O Capitão Que Odeia o Mar' (The Captain Hates the Sea, 1934).

Outras referências


O musical 'Cantando na Chuva' (Singin' in the Rain, 1952), que aborda também a transição do cinema mudo para o sonoro e parodia o caso de John Gilbert, é uma referência direta no longa, sendo inclusive exibido na última cena. O filme 'The Hollywood Revue of 1929' (1929), onde originalmente a canção 'Singin' In The Rain' é ouvida nas telas, também é explicitamente referenciado. 

O lendário produtor Irving Thalberg não só é mencionado como é um personagem, sendo interpretado por Max Minghella. 

Logo no início, ainda na festa, temos uma clara inspiração no escândalo do ator Fatty Arbuckle, acusado de estuprar a aspirante a atriz Virginia Rappe, que morreu alguns dias depois, por ruptura na bexiga e peritonite. Os fatos ocorridos na fatídica noite são desconhecidos até os dias de hoje. Arbuckle foi absolvido pelo juri por falta de provas que o incriminassem, mas sua carreira foi permanentemente detruída. 

A personagem Lady Fay Zhu (Li Jun Li) é vagamente inspirada na atriz Anna May Wong. Particularmente, achei que por sua importância e pioneirismo como asiática em Hollywood, poderia ter sido concedida uma personagem de maior destaque e profundidade, abordando mais a falta de oportunidades que ela teve. 

Ruth Adler (Olivia Hamilton), diretora do filme em que Nellie atua, é inspirada da diretora Dorothy Arzner. A cineasta trabalhou com Clara Bow em filmes como 'Segura o Que é Teu' (Get Your Man, 1927) e 'Garotas na Farra' (The Wild Party, 1929).

Spoiler 

A partir deste ponto, estarão informações sobre o final dos prsonagens principais.

Tanto Nellie quanto Jack tem finais trágicos. Embora baseado em John Gilbert, Jack Conrad comete suicídio, enquanto Gilbert morreu em consequência do alcoolismo. Uma possível inspiração para a cena, onde Conrad está em uma festa, vai para o quarto e atira em si mesmo, pode ter vindo do ator George Reeves. Apesar de existir alguma polêmica sobre o caso, a versão oficial da polícia constatou que foi o próprio ator o responsável pelo tiro que lhe tirou a vida. Em seu apartamento, na presença de alguns amigos em uma festa improvisada, Reeves se retirou para o quarto e minutos depois um tiro foi ouvido pelos convidados. O motivo teria sido o declínio em sua carreira após o final da série 'Superman', na qual atuou durante a maior parte da década de 50.

Já Nellie LaRoy tem apenas uma nota de jornal que informa sobre sua morte precoce, tendo sido encontrada em seu apartamento em Hollywood. O final da personagem pode ter sido inspirado na atriz Alma Rubens, cujo vício em cocaína acabou por destruir sua carreira. Chegando a ser internada diversas vezes pelo consumo da droga, a atriz faleceu em 1931, aos 33 anos. Com o corpo já debilitado, ela contraiu pneumonia, ficando inconsciente por cerca de três dias, sem jamais ter acordado novamente.
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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Tudo sobre o 'Museu Carmen Miranda', no Rio de Janeiro

 


De acordo com o site funarj.rj, o museu foi criado oficialmente em 1956, embora sua inauguração tenha ocorrido apenas 20 anos depois, em agosto de 1976. Reunindo peças originais e réplicas, o acervo foi, em sua maioria, doado pela própria familia da artista. O museu foi fechado para a visitação do público em 2013, reabrindo apenas em 2023. 

Como uma autêntica carioca, que só vai nos pontos turísticos quando encontra com pessoas de outros estados, fui conferir o museu com a chegada da Aline Reis (do perfil @hollywoodantiga) ao Rio. Abaixo, algumas das fotos que tirei no local, além de opiniões pessoais e informações que pesquisei para complementar a matéria: 

Localização e horários de funcionamento


Com uma arquitetura diferenciada, a exposição é disposta de maneira circular. O museu fica localizado na Avenida Rui Barbosa, no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. O espaço pertence à Funarj. O horário de funcionamento é de quarta até sexta, das 11h até às 17h e sábados, domingos e feriados das 12h até às 17h.

Minha experiência pessoal: Como visitante, fui em um sábado, de uber, o que facilitou bastante chegar até o local correto. Entretanto, acredito que poderia haver uma melhor sinalização, pois de fora parecia que estava fechado e não existe uma placa de entrada com visibilidade suficiente. Turistas, principalmente de fora do país, podem ter um pouco de dificuldade de entender, já que o portão estava fechado e não havia nenhum funcionário do lado de fora para uma orientação. 

O acervo


Segundo informações retiradas do site oficial do museu '' São 3.348 itens, sendo, 1391 fotografias, 461 peças de indumentárias, entre elas 220 bijuterias, 11 trajes completos de shows e filmes, 8 cintos, 5 bolsas, 27 pares de sapatos e 38 turbantes. Além dos famosos balangandãs, destacam-se a saia usada em seu show de estreia na (Broadway); o turbante com que se casou e alguns trajes completos, como o que vestiu no dia em que foi homenageada na Calçada da Fama e o de seu último show, na véspera de sua morte. O museu guarda, também, uma expressiva documentação bibliográfica e iconográfica: caricaturas originais, roteiros de filmes com anotações feitas por Carmen, fotografias, cartazes, troféus, partituras, programas e agradecimentos. Além de cinco mil recortes de jornais e revistas que relatam os acontecimentos históricos da “Embaixatriz do Samba”. ''

Ao lermos sobre o acervo do museu, ficamos impressionados e com certa expectativa para vermos pessoalmente. É claro que por ser um espaço pequeno, é perfeitamente compreensível que não possa ser feita a exposição de todos os ítens ao mesmo tempo. Porém, preciso confessar que ocorreu uma certa decepção da minha parte com a visita. Ao menos no dia em que eu fui, havia apenas dois figurinos originais, além de algumas peças como escovas de cabelo e jóias. Mas a maioria dos ítens expostos eram réplicas de figurinos, com algumas informações e curiosidades em painéis na parede. 

A visitação é muito válida, até porque a entrada é gratuita. Entretanto, na minha opinião, o museu não retrata a grandeza artística e o impacto cultural de Carmen Miranda como deveria. É claro que os organizadores fazem seu melhor para resgatar o legado da artista, isto é inegável. Mas existe a carência de patrocínio ou apoio do governo para que o museu seja um ponto turístico da cidade ou ao menos uma experiência cultural, onde você saia com mais conhecimento do que entrou. O que temos basicamente é uma exposição de figurinos, em sua maioria réplicas, com poucas informações sobre os eventos e até mesmo imagens da cantora usando as roupas mostradas. Além disso, existe um foco maior em Hollywood, com 'pinceladas' de sua história geral. Senti realmente falta, como uma pessoa que apenas conhece parcialmente a biografia de Carmen Miranda, de um retrato mais aprofundado de sua vida. Afinal, é o 'Museu Carmen Miranda' e não apenas uma exposição de figurinos. Você espera conhecer um pouco mais da vida e da obra de um artista, com uma certa imersão em 'seu mundo' através de informações, imagens e objetos.

Observação importante: Meu objetivo não é fazer uma crítica destrutiva, muito pelo contrário. Carmen foi uma mulher muito além de seus figurinos exorbitantes e de seus papéis muitas vezes estereotipados em Hollywood. Gostaria apenas que a cidade do Rio de Janeiro proporcionasse um espaço maior e melhor para que visitantes do Brasil e do mundo pudessem ter acesso ao real legado da artista. 

Outro fato importante, é que o acervo é modificado de tempos em tempos, com alguns ítens sendo retirados e dando lugar a outros.

Imagens do museu e imagens da própria Carmen

Figurino do Oscar?



Aqui temos um figurino exposto em dose dupla: No vidro, temos sua versão original usada por Carmen Miranda; Já no manequim, uma réplica da luxuosa roupa pode ser observada mais de perto. No Instagram oficial do museu informa que se trata do look escolhido por Carmen para usar na cerimônia do Oscar de 1941, onde aparece acompanhada do ator Cesar Romero. 


No entanto, encontrei uma certa dificuldade em confirmar esta informação, já que a roupa usada por Carmen no Oscar de 1941 não parece ser a mesma da exposição. 

Carmen no Oscar de 1941

Sendo assim, fui pesquisar melhor e através do grupo de fãs no Facebook Carmen Miranda Images Photo Archive encontrei um registro da revista Photoplay, edição de novembro de 1942, onde consta uma imagem com figurino bem mais similar do que o do Oscar. Na foto, ela aparece também ao lado de Cesar Romero, na pré-estréia do filme 'Rosa da Esperança' (Mrs. Miniver, 1942). 



Figurino dourado


Também de acordo com o Instagram oficial do museu, este figurino foi usado por Carmen em 1939, sendo confeccionado especialmente para as apresentações que a cantora fez em Nova York. O traje foi uma homenagem às baianas e também é o original usado por ela. Não encontrei fotos de Carmen com a roupa, infelizmente. 

Figurino de 'Serenata Tropical'




Provavelmente um dos mais familiares ao público, este foi o figurino usado por Carmen no filme 'Serenata Tropical' (Down Argentine way, 1940), onde apresenta números musicais como o icônico 'Mamãe Eu Quero', dentre outros. Vídeo aqui

Figurino 'Uma Noite no Rio'




Outro figurino bastante reconhecido pelos fãs é o conjunto prateado usado no filme 'Uma Noite no Rio' (That night in Rio, 1941), durante a performance de 'Chica Chica Boom Chic'. Veja o vídeo

Figurino de viagem



Esta foi a roupa escolhida por Carmen Miranda para desembarcar nos EUA em maio de 1939, em uma viagem de navio junto com O Bando da Lua.

Figurino de 'Banana da Terra'




O figurino foi usado por Carmen no filme musical brasileiro 'Banana da Terra' (1939), no número 'O Que Que a Baiana Tem'. Veja o vídeo

Outros itens e fotografias do museu











Essa foto é da parte externa, onde existe uma homenagem à cena do filme 'Entre a Loira e a Morena' (The Gang's All Here, 1943), com o número musical 'The Lady In The Tutti-Frutti Hat'. Infelizmente, pelo ângulo, a foto não ficou muito boa. rsrs Veja o vídeo do musical
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